Escrito por: Charo Dunner em 2015-11-06 00:00:00
Crônica Vampiros Camarilla: Como eh que eh?
A viagem até a cidade foi tranquila. Na saída do aeroporto eu comprei o jornal local. Quis aproveitar para ler as notícias durante o trajeto do taxi. Seria bom saber um pouco mais sobre meu novo lar. Enquanto o taxista fazia o percurso do aeroporto até a cidade, abri o jornal. A primeira notícia, como não podia deixar de ser, chamava minha atenção:
"A Insidioustech prepara-se para mais uma nova instalação. Devido aos fatos recentes e a nova descoberta da espécie Vampírica, a multinacional decide facilitar a vida de humanos e lançar no mercado um novo produto, visando manter a sociedade unida e a integração desses seres, sangue sintético, bebida a base de sangue humano destinado a alimentação dos novos integrantes, ainda sem nome comercial, porém já com sua sede definida em Silent Shadow a capital dos Vampiros." DSB Time News
Epaaaa, peraiii. Como é que é? Que papo é esse de Capital dos Vampiros? Ah agora eu entendi porque a vadia me mandou prá cá... e que história é essa de sangue sintético? Será que esse trem aí é bom? O lado bom da notícia é que eu não preciso mais machucar ninguém para sobreviver, mas duvido que a tal bebida possa ter o mesmo gosto ou causar a mesma sensação de uma veia carregada de sangue...
Fiquei tão entretida com a notícia que nem percebi direito o trajeto que o taxi fez. Só percebi que já havia chegado porque o carro parou. Perguntei ao motorista se ele conhecia algum hotel bom e barato por ali e ele me indicou um. Paguei o taxista e me pus a caminhar em direção ao hotel puxando minha mala e segurando com força minha mochila. Afinal, nunca é demais se precaver contra bandidos.
Enquanto seguia pelas ruas fui observando a paisagem local. Até que a cidade era arrumadinha. Ia pensando nas inúmeras coisas que precisava fazer, além de encontrar um local para me hospedar, preciso encontrar um trabalho e rápido. O dinheiro que consegui com a venda do livro e do carro não iria durar para sempre. Preciso economizar o máximo que puder, mas, além disso, preciso encontrar a tal da Camavilla, Camarica, Cramatilha... o tal do clubinho dos vampiros que Melinda tinha dito...
Conforme eu ia seguindo percebi que havia alguém logo atrás de mim. Apertei o passo. Maravilha, agora além de ter que me adaptar a isso de ser vampira será que vou ter que me preocupar com tarados também? Dei graças quando vi o hotel, no momento que atravessei a rua escutei o cara falando que não iria me morder e que apenas queria saber onde tinha um hotel. - Céussss em que mundo esse cara vive pra falar em morder alguém numa cidade de vampiros? Apontei para cima, a placa era bem visível.
Antes que eu pudesse entrar, ele tomou a dianteira e correu pedir um quarto. FDP. Além de me assustar ainda furava fila? Quando pedia meu quarto à recepcionista, o ser resolveu se desculpar. Se apresentou como Nattan alguma coisa, e se ofereceu para pagar minha hospedagem. Até pensei em recusar, mas sabe como é né? Eu estou quase falida, se alguém se oferece pra me pagar qualquer coisa eu aceito e agradeço... Vou discutir pra que?
Subi até o quarto. Ele era bem ajeitadinho. Nada luxuoso, mas extremamente limpo e bem conservado. As janelas eram de madeira e tinham grossas cortinas. A cama parecia confortável e tinha dois criados mudos com abajures. Um pequeno armário de duas portas, uma televisão num suporte de parede e um frigobar completavam a mobília do quarto. No banheiro, um armário com pia e secador de cabelos, o vaso sanitário e um box com chuveiro. Ou seja, me senti bem mais a vontade para começar minha nova “vida”.
Arrumei minhas poucas coisas no armário, deixei o notebook em cima da cama e coloquei meu celular pra carregar. Corri tomar um banho e me trocar. Ainda queria dar ao menos uma espiada na tal fábrica. E era melhor não por minhas poucas roupas boas pra bater assim. O celular tinha dado uma carga rápida mas era melhor que nada. Peguei minhas coisas e fui até a recepção. Deixei minhas chave com a recepcionista e saí.
Me dirigi ao porto, reparando em todos os detalhes da paisagem local. Apesar de não precisar dos meus óculos, o costume me impedia de tirá-los, isso sem falar que servia como um disfarce, afinal ninguém imagina um vampiro usando óculos. O forte cheiro da maresia me avisava que estava indo na direção certa. Já mais próxima do porto, podia ouvir os barulhos de uma fábrica em pleno vapor.
Enfim conseguia avistar a tal fábrica. Diversos homens armados faziam a ronda do local. Caixas e mais caixas eram descarregadas dos containers, pelo jeito não seria difícil encontrar os demais membros do “Clube dos toureiros”, eu só esperava não ter que matar nenhum touro pra poder ser aceita. Esse negócio de não saber nada era uma merda mesmo.
Eu estava ali compenetrada quando escutei meu nome ser chamado. Eh laiá... não é que o tal Nattan qualquer coisa estava por ali também? Pelo jeito não era apenas eu que estava curiosa sobre a tal fábrica. Dei uma desculpa qualquer, dizendo que era escritora e queria saber um pouco mais sobre a tal bebida. Não sei se ele engoliu muito bem, mas não tivemos muito tempo de prolongar o assunto. Um dos segurança da fábrica nos botou pra correr aos gritos.
No caminho de volta o tal me encheu de perguntas... o bom de ser uma escritora é que é fácil você criar um cenário de verdades e mentiras, e eu já havia me preparado para tal coisa. Contei que vinha de Essex (verdade) e que era uma escritora fantasma (verdade), mas que por causa de um divórcio traumático (mentira) eu havia resolvido mudar de cidade (mentira). Que tinha vindo para Silent Shadows para recomeçar minha vida (verdade) e quem sabe um dia publicar algo em meu nome (quem sabe né? Esperanças todos podemos ter...).
Nos despedimos já dentro do hotel. Peguei minha chave e subi as escadas. Entrei no quarto e me certifiquei de trancar tudo, portas e janelas. Não gostaria de ter nenhum imprevisto durante a noite. Vestia seu pijama de ursinho. Pegava um dos poucos livros que havia trazido e foi para a cama ler até o sono bater.
Cronista:
- Charo Dunner
Participantes:
- Charo Dunner (Vampiro - Toreador)
- Nattan Leckrone (Vampiro - Malkavian)
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