Escrito por: Charo Dunner em 2015-11-10 00:00:00
Crônica Vampiros/Emprego: Bora Trabalhar?
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Eu estava inquieta em meu quarto. Os machucados da noite da luta já haviam sumido e era hora de sair pra conhecer a cidade. Além disso, precisava arranjar um emprego e ver se conseguia alguma notícia do tal "clubinho" prá pedir minha filiação. O jornal que havia comprado no aeroporto poderia ser um bom início. Comecei a folhear as páginas e cheguei até os classificados. Tinha bastante vaga disponível, continuei lendo até que encontrei algo que fez meus olhinhos brilharem. A biblioteca da cidade estava contratando!!!! Será que a vaga ainda não havia sido preenchida? Bem, o único jeito de saber disso era indo até lá e perguntando. O máximo que podia acontecer era eu escutar um não bem redondo. E não por não... eu já estava desempregada mesmo.
Terminei de me arrumar, peguei minha bolsa com meus documentos e meu celular e saí do quarto. A mesma recepcionista que me viu chegando arrebentada estava por lá, se ela se surpreendeu por eu já estar "bem" não fiquei sabendo. Deixei as chaves com ela e saí. Pois é, eu devia ter perguntado pra que lado era a biblioteca... quando me dei conta estava perdida pela cidade. Andei a esmo durante um bom tempo, até que finalmente encontrei um mendigo que me indicou a direção da biblioteca. Até pensei em fazer um lanchinho, mas como ele havia sido gentil, achei melhor deixar prá lá.
O prédio da biblioteca era tudo que eu poderia querer que fosse. Amplo, bem decorado e cheinho de llivros. Nossa, precisei de muito auto-controle para não sair correndo ler tudo que sempre quis. Os lustres eram um espetáculo a parte. Coisa mais linda. Mesas e poltronas confortáveis completavam o quadro.
Entrei pé ante pé, observando os presentes. Havia um grupinho de alunos da escola local por lá fazendo algum trabalho e um senhor atrás do balcão. Ele parecia bem atarefado. Dei uma ajeitada no meu óculos, arrumei o cabelo para parecer o mais séria possível, e fui até o balcão.
Ele demorou um pouco pra perceber minha presença, dei um ligeiro sorriso e o cumprimentei educadamente. Ele perguntou se eu queria saber alguma sessão em particular ou livro e eu respondi dizendo que estava lá por conta da vaga de emprego no anúncio do jornal. Ele sorriu e me estendeu a mão se apresentando. Disse que estava quase desistindo do anúncio, pois ninguém havia aparecido.
Ele me pediu para trazer uma cadeira ao balcão mesmo, pois não tinha como me entrevistar lá dentro, porque não podia deixar a biblioteca sozinha. Respondi que não havia problema nenhum e que não me incomodava. Me apresentei e lhe disse que havia me formado em Letras e que trabalhava já há alguns anos como escritora fantasma. Nossa conversa continuou durante alguns minutos, sendo interrompida diversas vezes por um ou outro leitor desavisado.
No final das contas, acho que ele foi com minha cara, pq me disse que eu era perfeita pro cargo e quis saber quando eu poderia começar. Só faltei pular da cadeira pro balcão e dizer agora mesmo. Mas enguli minha ansiedade e respondi que poderia começar quando ele achasse melhor, mas que tinha preferência pelo horário noturno. Acho que ele ficou aliviado quando falei isso, pois abriu um sorriso enorme e disse que tudo bem. Me passou os horários do trabalho, o valor do pagamento e me perguntou se eu entendia algo de catalogação de livros. Disse que sim, que conhecia a maioria dos sistemas e que poderia aprender caso a biblioteca usasse um sistema diferente.
Combinamos em fazer um teste por três meses. Caso tudo corresse direitinho, seria contratada definitivamente. Achei bem razoável. O valor oferecido não era muito, mas era mais que suficiente pra eu poder me virar durante um tempo. Ele me perguntou se poderia começar na noite seguinte. Mais que depressa, respondi que sim, que estaria lá para meu primeiro dia de trabalho sem nenhum atraso. Ele também pediu para que eu levasse cópias dos meus documentos na noite seguinte, pra já providenciar meu contrato de experiência.
Terminamos a conversa, agradeci gentilmente e coloquei a cadeira de volta no lugar. Estava contente. Pela primeira vez desde que tudo acontecera, parecia que a sorte começava a sorrir pra mim.
Crônica de Posse: Charo Dunner
Cargo: Bibliotecária
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