Escrito por: Charo Dunner em 2015-11-18 00:00:00
Crônica Vampiros: Informações e um favor estranho
Saí do local do crime o mais rápido que pude. Estava atrasada. Juro que não era minha intenção, mas não podia deixar de avisar a polícia sobre o tal corpo na frente do hotel. Quando cheguei, notei algumas pessoas do lado de fora, inclusive uma jovem que me cumprimentou, respondi um boa noite e convidei a todos para entrar. Não fazia sentido ficar do lado de fora, com todo o frio que fazia.
Rendi minha companheira de trabalho às pressas, ela já estava me olhando torto, mas expliquei o que havia acontecido no caminho e ela pareceu se acalmar. Estava com pressa de ir embora. Antes que eu pudesse arrumar minhas coisas no balcão, ela já havia saído.
Notei que a mulher que havia me cumprimentado, procurava sinal no celular. Avisei que a biblioteca tinha Wi-fi, era só pegar a senha no quadro próximo da entrada. Disse também que se ela quisesse poderia ficar a vontade e ler qualquer livro que quisesse.
Ela perguntou meu nome. Respondi e perguntei o dela na sequencia, quando vi havia uma mão estendida em minha direção. Posso dizer que pela primeira vez que cheguei nessa maldita cidade não me senti ameaçada. Aceitem sem hesitar a mão dela. Ela disse se chamar Sindy Schmooz e se desculpou pela mão fria, mas com o frio que fazia, duvido que exista uma única mão aquecida em toda a cidade.
Como ela também era uma recém-chegada e queria um local para ficar, informei sobre o hotel que eu estava morando. Ela se interessou e me lembrei do corpo largado lá em frente. Resolvi avisar, pq vai que ela fosse sensível. Conversamos um pouco sobre a violência atual e perguntei se ela não queria fazer o cadastro da biblioteca, quando percebi que outra pessoa estava entrando.
Apesar do cabelo bicolor, reconheci a jovem. Era Lynae, a mesma que eu havia levado até o hotel na outra noite. Ela entrava ignorando completamente a jovem ao meu lado e me perguntou pq todo mundo parecia abalado com o corpo estirado na frente do hotel. Pelo jeito, ela havia escutado parte da conversa.
Claro que fiquei sem graça com a pergunta. Eu podia ser uma vampira, mas não era um monstro. A morte ainda me chocava. Respondi que não sabia de quem se tratava, mas que com certeza ele teria família e amigos que iriam chorar por ele. Receosa perguntei se a morte não a chocava. A expressão de Sindy era de repugnância. Assim como eu, ela parecia indignada com o pouco caso que Lynae dava a morte do homem.
Resolvi cortar o assunto, a melhor forma para isso era explicar o caminho até o hotel para Sindy, fui até a entrada da biblioteca e indiquei a direção. Quando me virei percebi que as duas se encaravam fixamente. A tensão entre as duas era mais que evidente. Ai, ai, ai... fui para trás do balcão e deixei as duas ali, apanhar outra vez não estava nos meus planos.
A baixinha Lynae se pôs nas pontas dos pés e perguntou se podia ajudar com toda a marra do mundo. Sindy respondeu que estava reparando no cabelo dela e elogiava o look. Sem graça por conta do elogio, Lynae desembestou a falar, perguntando se a outra gostava de metal ou se pertencia a alguma gangue. Sindy respondeu que talvez fizesse parte de uma banda ou de uma gangue. Em que mundo aquela conversa faria sentido, eu não sei... No meu é que não era.
Eu observava do meu canto quando Lynae se virou para a minha direção e disse, constrangida, que precisava de um favor meu. Claro que fiquei surpresa, pois a baixinha ali não parecia muito acostumada a pedir “favores”. Respondi que se pudesse a ajudaria com prazer.
Antes que Lynae dissesse do que se tratava o tal favor, Sindy se despediu e saiu da biblioteca. Eu estava prestando atenção em Lynae. Ela falava sério, de uma forma que deixava claro que não estava brincando. Tenho que dizer que fiquei chocada quando ela me revelou que precisava aprender a ler e escrever nosso idioma.
Dei um sorriso delicado, de forma que ela não se sentisse humilhada e respondi que não teria problema nenhum em ajuda-la. Afinal, de alguma coisa tinha que me servir ser formada justamente em Letras. Combinamos em nos encontrar pelas noites, aqui mesmo na biblioteca e começarmos com lições fáceis para que ela pudesse treinar em seu próprio ritmo.
Ela pareceu gostar da sugestão, disse que havia sido contratada pelo departamento de polícia e que precisaria saber ao menos o suficiente para começar. Pelo que pude perceber, ela precisou de muito esforço para me dizer um simples obrigado. Eu podia ser uma vampira, mas fui criada numa família cheia de amor e respeito ao próximo. Meu coração se apertou com o esforço dela, era mais que do óbvio que ela não estava acostumada com gentilezas, de que mundo ela vinha?
Logo em seguida, Lynae se despediu. Fiquei pensativa durante um momento. Além do pedido, o cabelo dela também havia chamado minha atenção, mas vai que era alguma moda nova... Verifiquei o relógio e vi que estava na hora de fechar. Recolhi meus pertences no balcão, tranquei tudo e me dirigi para o hotel. Será que o tal corpo ainda estava por lá?
Cronista:
- Charo Dunner
Participantes:
- Charo Dunner (Vampiros)
- Sindy Schmooz (Vampiros)
- Layene Yatsenko (Infernais) como Lynae Skadi
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