Escrito por: Delirius Ella em 2015-11-20 00:00:00
Crônica Vampiros/Emprego: Da janela do quarto de hotel
https://www.youtube.com/watch?v=EQoVrFe1GZ8
A noite passada foi como um descarrego sobre meu corpo cansado, depois do banho arrumei minhas roupas no armário e deitei ... acordei não sei que horas era, e acredito que devo ter dormido mais de 15 horas seguida, os gritos na rua, o barulho da viatura serviram de alarme para meu despertar em Silent Shadow, que de silencio naquele momento era quase nada.
Segundo dia na cidade - Indo em busca de meu emprego.19/11/2015
Levantei ainda zonza e olhei pelo canto da janela, limpei meus olhos tentando raciocinar o que o que tinha diante de minha visão sobre os vidros embaçados do quarto do hotel... pessoas aterrorizadas de cá para la, uma viatura com os sinaleiros piscando como arvore de natal, um cadáver? Como assim um cadáver, eu mal acabo de chegar na cidade e me deparo com isso, não que ver um cadáver seja algo estranho para mim, mas em se tratar de ser na cidade que escolhi para estar por um tempo da minha vida, isso sim é um tanto assustador, eu ainda nada sabia sobre Silent Shadow, nem sobre os mistérios da cidade e muito menos sobre os habitantes.
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Tomei um banho com as mínimas gotas que parecia diminuir ainda mais nesse segundo banho, coloquei uma roupa normal, nada sério e nada despojado, com um envelope pardo contendo meus documentos e tudo que precisava para a nova vaga do hospital e sai... tudo estava calmo e assustador, desci as escadas e passei direto pela recepcionista, algumas pessoas transitavam pela recepção, sem demora caminhei para fora, precisava de ar puro, de sol na cara, de vento no cabelo... eu ainda estava assustada com tudo aquilo.
Olhei para o cadáver que estava quase encoberto sobre os curiosos e segui meu caminho, não seria difícil achar o tal hospital, sendo uma cidade pequena... Ja imaginava um enorme prédio branco com Cruzes sobre ele, um lindo jardim a frente, mas foi impactante quando meus olhos verdes ficaram atônicos sobre a imagem do Hospital... de estrutura rústica e velha, pra não dizer caindo aos pedaços, dei meia volta, tudo estava sendo demais para mim, me enfiei atrás de uma arvore e fiquei cerca de uns 10 minutos observando quem entrava e quem saia daquele lugar que me causava certo pavor... ate que criei coragem e atravessei a rua subindo cada degrau com uma grande bolota de saliva descendo garganta a baixo, cheguei na porta com a boca seca, meus olhos estalados, eu precisava ser corajosa, mais corajosa do que sempre fui, segui para recepção e expliquei a atendente sobre minha presença ali, ela me encaminhou a uma sala, próxima dali, e eu sentei em um sofá velho e cruzei as pernas, olhei para todos cantos, descruzei as pernas, ajeitei minhas costas, coloquei o braço esticado, cruzei os braços, virei meu corpo mostrando um certo conforto que não me pertencia naquele momento, e voltei a cruzar a pernas, não foram nem cinco minutos ate que o diretor aparecesse... engoli seco minha própria língua ja que nem saliva havia mais em minha boca.
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O senhor entrou se apresentou e sentou, como se estivesse no planalto central, um olhar devastador sobre minha grande impotência... eu sorri a ele e respirei dez, vinte vezes bem devagar enquanto ele me relatava sobre como tudo funcionava... esse exercício de respiração ajudou, eu consegui dizer: *** Será um prazer fazer parte dessa equipe***, entreguei o envelope a ele, minha vontade era levantar e correr, correr , correr e chegar na minha casa, em São Paulo, esconder debaixo da cama e so sair quando tudo estivesse sumido da minha cabeça, quando cada lembrança de loucura estivesse extinta do meu ser.
Esse sonho nunca vai se realizar... preciso focar nos outros ... que merda, minha mente ta devastadora com minha atenção hoje, não consigo me concentrar, e meu pai? como esta meu pai? Para mente filha da puta, opa saiu, odeio falar palavrão, me desculpe querido diario, mas era isso que sentia naquele momento em que estou te contando.
Não sei se nesse trecho devo colocar que estava feliz por ter conseguido a vaga, ou se deveria dizer que foi lamentável eu ter conseguido a vaga, nunca me senti tão indecisa nem mesmo em um campeonato de xadrez, onde cada movimento de minhas peças me encurralam ou me libertavam... me senti o rei sozinho no tabuleiro rondando de cá para lá sem ter a certeza se o derrubava ou se continuava a andar uma casa de cada vez.
O Diretor do hospital se levantou, agradeceu a minha presença, em deu boas vindas disse que estava surpreso por eu estar ali... se afastou fechou o blazer, um botão que abrira durante o movimento que ele fizera ao se sentar, e foi se afastando eu levantei, a tempo dele dizer:
*** Você pode começar na segunda, aproveite seu final de semana***
Como se fosse possível, eu ainda estava atordoada... sai logo atrás dele, e como num campeonato de corrida de tartarugas eu atravessei o corredor e sai do hospital, minha vontade era fazer como o hulk, passar a mãos no peito, rasgar minha blusa e dar um grito de liberdade, mas eu não podia, porque bem ou mal, a partir de segunda feira, ali seria o meu abrigo, o lugar onde eu escolhi por conta própria, encontrar me, achar me, explorar me dia a dia.
Cronica By - Delirius Ella, Vampires
Camarila, Toreador
Personagem: Valentina Pereira da Silva
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